PROJETO
INTERDISCIPLINAR DE LIBRAS
2011.2
INTEGRANTES:
BRUNO GONÇALVES DE MELLO - P00785
RAQUEL BARBOZA GONÇALVES – P00783
ROSANE PESSOA VICTORIANO DE GOUVÊA - P00787
SANDRA MARIA FREITAS CARDOSO - P00791
Recurso tecnológico escolhido: Implante Coclear
Introdução
Ao
longo das últimas décadas o desenvolvimento da ciência nos permitiu obter
avanços significativos nos aparelhos facilitadores do processo da comunicação
humana para portadores de deficiência auditiva. No decorrer histórico, como
possibilidades e recursos auxiliadores foram utilizados os treinamentos de
fala, além de aparelhos eletrotécnicos, adaptados para transmitir e amplificar
os sons dentro de um espectro de fala de 100T2 a 16000 H2. Posteriormente surgiram
as AASI (aparelhos de amplificação sonora individual), próteses de uso
individual indicada para cada orelha, adaptada para cada tipo de perda auditiva.
Recentemente, nos deparamos com o Implante Coclear, um mecanismo ultramoderno
de percepção sonora através de eletrodos inseridos diretamente na Cóclea,
possibilitando melhor adaptação na captação sonora pelo nervo auditivo. Iremos
abordar e mostrar os benefícios desta tecnologia, como se dá o seu
funcionamento e quais suas limitações.
Como o Ouvido Funciona
A
orelha pode ser dividida em três partes: externa, média e interna. A membrana
do tímpano é a divisão entre as porções externa e média da orelha. Nesta última
se situam os três ossículos da audição, os menores ossos do corpo humano:
martelo, bigorna e estribo. Estes são responsáveis por transmitir à orelha
interna os sons que chegam ao tímpano. A cóclea (orelha interna) é o órgão que
transforma as vibrações mecânicas dos ossículos em impulsos elétricos e os
envia ao cérebro através do nervo auditivo.
Como ocorre a surdez
Pode
surgir após problema em qualquer uma das três partes da orelha. Limpeza ou uso
de medicamentos podem ser totalmente curativos nos casos que são originados por
acúmulo de cera na orelha externa ou de catarro na orelha média. No entanto, em
muitos casos, a perda auditiva decorre de uma lesão na cóclea (orelha interna).
Esta lesão pode ser ocasionada por fatores genéticos, barulho excessivo, uso de
medicamentos tóxicos, alterações específicas no metabolismo, entres outras
causas. Nestes casos a medicina não dispõe ainda de métodos curativos. Porém, a
grande maioria destes pacientes pode se beneficiar de aparelhos auditivos ou,
nos casos de surdez severa ou profunda (total), do implante coclear.
Como Tratar a Surdez
A possibilidade de tratamento e a escolha do método a ser
aplicado a cada caso pode depender das causas, do tipo de perda auditiva
(condutiva ou sensorioneural) e do grau desta perda. Desta forma, a maioria dos
casos de surdez condutiva, aqueles oriundos de problemas da orelha média
(otites, otosclerose) ou externa, podem ser tratados, total ou parcialmente por
tratamentos médicos, remédios e algumas cirurgias.
O maior desafio se dá no tratamento dos pacientes com a
surdez sensorioneural, causada por danos as estruturas dentro da cóclea ou no
nervo auditivo. Esta é, na maioria dos casos, lesão de estruturas nervosas,
(dos neurônios ou das chamadas células ciliadas). Nessa circunstância, a
possibilidade é a utilização de aparelhos auditivos, amplificadores, que têm
tido grande avanço na atualidade. Alguns dos aparelhos podem mudar seus
programas de funcionamento sozinhos conforme o padrão de barulho do ambiente.
Além disto, possuem tecnologia sem fio para comunicação com aparelhos de som,
celulares, computadores. Do ponto de vista externo, vêm se tornando cada vez
menores e mais estéticos e já não trazem mais o estigma de antigamente.
Surdez Profunda e Implantes Cocleares
Sem dúvida os pacientes que mais têm prejuízo são aqueles
portadores de surdez sensorioneural severa ou profunda. Para estes, mesmo os
aparelhos auditivos ajudam muito pouco, já que mesmo um som bastante
amplificado não pode ser captado e transformado pela cóclea com um grau de
lesão muito grande. Nestes casos existe o implante coclear.
Também conhecido como ouvido biônico, é um dispositivo
eletrônico transformador de energia sonora em impulsos elétricos. Sua função é
substituir parcialmente uma cóclea que não pode mais funcionar, captando os
sons ambientes por um microfone, transformando-os em impulsos elétricos que
irão estimular diretamente o nervo auditivo, que os conduzirá até o cérebro. O
IC estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a
transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, a fim de ser decodificado pelo
córtex cerebral. O funcionamento do implante coclear difere do Aparelho de
Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som e o implante
coclear fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais
remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário
perceber o som.
Funcionamento do implante coclear
O implante coclear possui uma parte externa e outra interna.
A parte interna possui uma antena interna com um imã, um receptor estimulador e
um cabo com filamento de múltiplos eletrodos envolvido por um tubo de silicone
fino e flexível que são inseridos dentro da cóclea através do ato cirúrgico. O
componente externo é constituído por um microfone direcional, um processador de
fala, uma antena transmissora e dois cabos. A sensação auditiva ocorre em
frações de segundos. Todo o processo inicia-se no momento em que o microfone
presente no componente externo capta o sinal acústico e o transmite para o
processador de fala, por meio de um cabo. O processador de fala seleciona e
codifica os elementos da fala, que serão reenviados pelos cabos para a antena
transmissora onde será analisado e codificado em impulsos elétricos. Por meio
de radiofreqüência, as informações são transmitidas através da pele
(transcutaneamente), as quais serão captadas pelo receptor estimulador interno,
que está sob a pele. O receptor estimulador contém um “chip” que converte os
códigos em sinais eletrônicos e libera os impulsos elétricos para os eletrodos
intracocleares específicos, programados separadamente para transmitir sinais
elétricos, que variam em intensidade e freqüência, para fibras nervosas
específicas nas várias regiões da cóclea. Após a interpretação da informação no
cérebro, o usuário de Implante Coclear é capaz de experimentar sensação de
audição. Quanto maior o número de eletrodos implantados, melhores serão as
possibilidades de percepção dos sons. O propósito da estimulação elétrica do
nervo auditivo é substituir a estimulação que deveria ser feita pelas células ciliadas internas, mas que não ocorre
devido ao mau funcionamento ou a inexistência dessas células.
Quem pode fazer o implante coclear?
O paciente deve apresentar perda auditiva sensorioneural
severa ou profunda e bilateral de 90 dB ou maior em 500, 1000, 2000 Hz. O
candidato deve obter um resultado de 30% ou menor no teste de reconhecimento de
sentenças sob melhores condições de ajuda com aparelho de amplificação sonora
(AASI). Os atuais critérios de seleção para implantação coclear pediátrica são:
Suporte de reabilitação para o desenvolvimento de linguagem oral, fala e
audição; idade mínima de 12 meses, exceto em casos provados de ossificação
coclear; perda auditiva sensorioneural bilateral severa a profunda; benefício
do implante maior que o esperado por outros recursos; nenhuma contra-indicação
clínica para anestesia geral; apoio familiar, motivação e expectativas
adequadas.
Há candidatos que poderão apresentar um melhor benefício com
o uso do implante coclear:
-
Em adultos na idade acima de 18 anos, com deficiência auditiva
neurossensorial pós - lingual bilateral severa ou profunda (os que possuem
deficiência auditiva pré-lingual têm benefício limitado e só é indicado em
pacientes com fluência da linguagem oral e com compreensão desta limitação);
que não se beneficiarem do aparelho de amplificação sonora individual (AASI),
apresentando escores inferiores à no mínimo 40% em testes de reconhecimento de
sentenças do dia a dia; que possuem tempo de surdez inferior a metade da
idade do candidato (em deficiências auditivas progressivas não há limite de
tempo) e apresentarem adequação psicológica e motivação para o uso do Implante
Coclear, possuindo uma família com expectativas e suporte apropriados e sem
contra-indicações radiológicas (cóclea calcificada).
-
Já em crianças os mais indicados possuem as seguintes
características: Idade até 17 anos, com deficiência auditiva
neurossensorial bilateral severa ou profunda; preferencialmente indica-se
o Implante Coclear em deficiência auditiva pré-lingual até os seis anos de
idade; adaptação prévia de AASI e (re)habilitação auditiva intensiva para
verificar se há benefício deste dispositivo principalmente nas deficiências
auditivas severas; apresentarem incapacidade de reconhecimento de palavras
em "conjunto aberto"; serem provenientes de famílias adequadas e
motivadas para o uso do Implante Coclear.
Além desses fatores, existem outros que podem afetar a
performance auditiva e são levados em conta na escolha para efetuar o implante
coclear:
Duração da surdez – tem efeito negativo forte. Quando a privação da estimulação
auditiva é mais curta, o resultado é melhor;
Idade de início da surdez – na surdez pré-lingual o desempenho é pior. Adultos e
crianças pós-linguais têm melhor performance auditiva do que crianças com
surdez congênita;
Idade da implantação – surdos pré-linguais implantados na adolescência têm melhor
performance auditiva do que adultos implantados pré-linguais. Crianças
implantadas em idades precoces têm melhor desempenho que na idade adulta. Hoje,
sabe-se que quanto mais precoce a implantação, melhores serão os resultados.
Existem Contra-indicações absolutas para casos em que há
agenesia da orelha interna (deformidade de Michel), ausência de nervo coclear
ou doença sistêmica que contra-indique anestesia ou cirurgia. No que diz
respeito à seleção da orelha para o implante, geralmente quanto mais um ouvido
implantado foi usado anteriormente, melhor o resultado da implantação. É
preferível implantar uma orelha que tenha alguma audição residual e que fora
usada com amplificação com AASI em passado recente.
A avaliação dos pacientes candidatos ao Implante Coclear é
realizada por meio de uma equipe interdisciplinar, composta por médicos
otologistas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros,
entre outros. No entanto, os resultados variam de individuo para individuo, em
função de uma série de fatores, entre eles, memória auditiva, estado da cóclea,
motivação e dedicação e programas educacionais e/ou de reabilitação.
Complicações cirúrgicas
Como todo procedimento cirúrgico, o implante coclear está
sujeito a complicações anestésicas e infecções no pós-operatório. A cirurgia
deve ser realizada por cirurgiões otológicos, com prática em mastoidectomias.
Há risco de lesão do nervo facial por isso deve-se realizar a cirurgia com
monitoramento do nervo. Outros riscos são a formação de uma fístula labiríntica
permanente; lesão da corda do tímpano, com perda da sensibilidade gustativa por
vários meses; lesão do anel e membrana timpânicos; lesão do seio sigmóide;
lesão da dura-máter. As complicações cirúrgicas são pouco freqüentes quando os
cirurgiões são experientes e envolvem uma equipe bem treinada.
Podem ocorrer problemas provocando infecção, hematoma,
necrose. O eletrodo pode ficar em posição incorreta e, devido a isso, pode
estimular o nervo facial. Pode ocorrer fístula liquórica no nicho do
receptor e fístula perilinfática. Outras complicações são: Otite média
aguda, otite média crônica, meningite, fratura do receptor, migração do
eletrodo, extrusão do receptor ou interrupção do funcionamento, dor. Estas
complicações são pouco freqüentes. Deve haver cuidados pós-operatórios, dentre
os quais podemos citar: Evitar banhos de piscina; evitar esportes com riscos de
trauma na cabeça; realização de otoscopia de controle.
(Re) habilitação do implantado e ativação do implante
Após a ativação do implante,
o paciente recebe uma variedade de sons, incluindo os sons da fala. No início
os sons estão distorcidos, não parecendo familiar ao paciente. Aprender a
interpretar os sinais do implante é como aprender uma língua estrangeira, exige
tempo e prática, principalmente para quem é surdo há muito tempo ou nunca
ouviu. O cérebro aprende gradualmente o significado dos impulsos elétricos e
depois o significado das mensagens sonoras. O paciente implantado começa a
compreender alguma fala e os sons parecem mais naturais. O implantado deve
retornar à clínica de reabilitação para sessões de treinamento específico com
fonoaudiólogo. O treinamento de reabilitação é essencial para o êxito no
desempenho do paciente implantado. Esse treino é para desenvolver audição e
leitura de fala. O paciente pode realizar o treinamento em casa, com retornos
para orientação dos fonoaudiólogos. Para que se possa alcançar o objetivo
proposto, são utilizadas abordagens terapêuticas específicas de acordo com a
época de aquisição da deficiência auditiva e a idade do paciente, para assim,
maximizar o desempenho das habilidades auditivas com o IC.
A terapia individual deve objetivar o desenvolvimento da
linguagem oral e das habilidades auditivas, para assim, possibilitar uma
comunicação efetiva e um adequado desenvolvimento global do individuo. Para que
ocorra a terapia conjunta é necessário respeitar alguns aspectos individuais,
permitindo que o grupo se torne o mais homogêneo possível. Tais aspectos são:
tempo de utilização efetiva do IC, idade e nível cognitivo do paciente. Outro
fator importante é a criança participar de uma terapia auditiva forte, com base
na oralidade e centrada na família. Nesse caso, há benefício máximo na
percepção da fala e desenvolvimento da linguagem. Na maioria das crianças, o
implante coclear e terapia oral promovem desenvolvimento da linguagem falada,
sendo que crianças implantadas aos 12 meses aprendem linguagem na mesma
velocidade de crianças ouvinte de idade similar. É bom ressaltar que o sucesso
de um tratamento desse porte não pode ser atribuído a apenas um profissional.
Toda uma equipe está envolvida nesse trabalho constante.
Como pudemos perceber, esse tratamento é voltado para
pessoas com surdez extrema, que não possuem outros métodos curativos, e através
do implante coclear podem alcançar a capacidade de compreensão da fala somente
com a audição, ou seja, tornam-se capazes de escutar e compreender a fala
usando apenas o implante, sem qualquer pista visual (leitura labial). Também se
beneficiam no aumento da leitura labial, pois o paciente obtém maior informação
sobre duração; sensação de freqüência; sensação de intensidade; inflexão e
modulação da voz (>90%); o implante é uma oportunidade única de compreender
a fala e escutar sons do ambiente, viabilizando melhor sociabilidade e
independência. Muitos pacientes conseguem atingir uma pontuação entre 90 e 100%
de acerto nos testes padrões de inteligibilidade de sentenças em ambiente
silencioso.
Como limitação se pode citar a dificuldade de inserir uma
quantidade maior de pessoas no projeto, especialmente crianças de famílias de
baixa renda e que não possuem estrutura que permita dar continuidade ao
tratamento. Além disso, um grande desafio para os futuros ICs é melhorar o
desempenho em ambientes ruidosos.
Conheça um pouco mais:
Bibliografia
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO implante é um excelente recurso tecnológico, mas não tem relação com a proposta da PI - recursos aplicado a educação...
ResponderExcluirAbraços
Esther
Gostei da pesquisa. Parabéns!!!
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